Quando a noite cai e a mente vira labirinto sem saída

 Quando a noite cai e a mente vira labirinto sem saída


A cidade inteira dormia.
Menos ela.

O relógio piscava 3h17, como se zombasse da sua insônia crônica. A cama era uma prisão de lençóis embolados e pensamentos agudos. O teto do quarto virava tela de cinema pra todos os cenários que ela evitava enfrentar durante o dia.

Durante o sol, ela sorria no automático, empilhava tarefas, fingia controle. Mas quando a noite caía, a mente dela se transformava num labirinto claustrofóbico, onde cada pensamento levava a outro mais torto, mais escuro, mais fundo.

Lembranças do que ela foi.
Vergonhas do que ela fez.
Medos do que ela nunca vai ser.

Na cabeça dela, existia uma voz — não era alucinação, era mais cruel que isso: era sua própria consciência. A mesma que dizia que ela não é suficiente. Que ninguém realmente liga. Que essa solidão silenciosa das 3 da manhã é o que ela merece.

Pensamentos noturnos são diferentes.
De dia, tudo é ruído. À noite, tudo é verdade.

Ela se levantava, andava em círculos. O chão frio era quase um lembrete de que ela ainda existia no mundo físico. Mas por dentro, ela estava presa num ciclo de ansiedade, arrependimento e delírio. Um labirinto mental onde cada saída era apenas uma nova entrada pro próximo corredor sem luz.

O quarto inteiro parecia pulsar com a mesma frequência que seu peito sufocado.
Uma crise existencial em câmera lenta.

Ela sabia que isso ia passar.
Ou pelo menos é o que ela sempre repetia.

Mas cada madrugada parecia pior que a anterior, como se as paredes do labirinto estivessem se fechando mais e mais. Como se a noite fosse um monstro invisível que comia sua sanidade aos poucos.

Mente confusa, corpo cansado, alma quebrada.

Deitou de novo. Fingiu que dormiria.
Mas lá fora, o mundo dormia em paz.

Dentro dela, a escuridão continuava acordada.


Por: LegendZilla.



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