O Eco das Promessas - Um conto sobre desilusão, expectativas quebradas e o peso de acreditar na justiça
O Eco das Promessas
Um conto sobre desilusão, expectativas quebradas e o peso de acreditar na justiça
Andar por aquela rua estreita era ouvir os próprios passos repetindo-se como ecos vazios. Cada pedra sob meus pés parecia contar histórias que não me pertenciam: amigos perdendo tudo sem motivo, canalhas prosperando sem esforço, promessas feitas e imediatamente quebradas.
Por anos, acreditei que o mundo recompensava quem fazia o certo, que a bondade tinha retorno, que a justiça era um fio que conectava ações a consequências. Hoje, percebia que tudo isso era apenas um eco — som sem sentido, vazio.
Vi uma mulher cair em frente a um carro que não freou, e ninguém correu para ajudá-la. Lembrei das vezes em que tentei salvar alguém, tentar corrigir erros alheios, e que nada mudava.
A vida parecia rir de todas as tentativas de agir corretamente, como se cada gesto fosse apenas mais uma nota perdida em um canto esquecido. Tudo que acreditava estava desmoronando, e o eco disso era ensurdecedor.
Sentei-me em um banco, os braços apoiados nos joelhos, olhando o céu cinza. Era impossível saber se o mundo tinha algum propósito ou se a desordem era o único decreto verdadeiro. Os bons sofriam, os maus prosperavam, e eu continuava aqui, respirando, insistindo em atravessar um caminho que não prometia nada.
Mas então percebi algo: mesmo sem justiça, sem recompensa, sem equilíbrio, existia a escolha de continuar. O eco das promessas quebradas não podia me paralisar; podia apenas me lembrar que cada passo ainda era meu. Cada decisão de levantar, de enfrentar a injustiça, de existir, era uma afirmação silenciosa de que eu ainda tinha voz no caos.
Levantei-me, sentindo a dor do corpo e a fadiga da mente, mas também uma estranha sensação de poder. Não precisava controlar nada além de mim mesmo. A vida não precisava ser justa para que fosse vivida.
A cada passo, o eco das promessas se tornava menos opressor e mais como uma música triste que me acompanhava, lembrando que continuar, resistir, existir — mesmo sem sentido — já era uma forma de vitória.
E assim, caminhei novamente pelas ruas estreitas, com o coração pesado, mas firme. O mundo continuaria sendo injusto, caótico, imprevisível. Mas, dentro do meu próprio passo, encontrei algo que ninguém poderia tirar: a consciência de que, mesmo no caos, a escolha de continuar era minha.
Por: LegendZilla.
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