O Horizonte Que Nunca Chega - Um conto sobre persistência, desilusão e a percepção de que o sentido pode ser apenas o próprio caminhar

 

O Horizonte Que Nunca Chega

Um conto sobre persistência, desilusão e a percepção de que o sentido pode ser apenas o próprio caminhar

O horizonte parecia sempre distante, como uma linha que se afastava à medida que eu avançava. Por anos, acreditei que se esforçar, agir corretamente, ser bom e justo, me aproximaria de algo maior — reconhecimento, paz, recompensa. 

Mas a cada passo, percebia que o mundo não funcionava assim. O horizonte continuava longe, indiferente, como se zombasse do esforço humano.

Caminhei por estradas vazias, sentindo o peso de cada decisão, cada escolha correta que parecia não resultar em nada. Vi pessoas errar, trapacear, prejudicar outros, e ainda assim avançar, prosperar, sorrir. E eu, seguindo minhas convicções, colecionava cicatrizes invisíveis, pequenas derrotas, lembranças de que a justiça não é automática, nem a vida lógica.

Sentei-me à beira de um penhasco, olhando para o horizonte que parecia inalcançável. Era vertigem pura, mas também clareza. Percebi que, mesmo que o mundo não recompensasse, que mesmo que nada fizesse sentido, ainda havia algo que ninguém poderia tirar: a escolha de continuar, o ato de caminhar, de respirar, de existir.

Levantei-me, sentindo a fadiga, mas também a determinação silenciosa que brota quando não há alternativa. O horizonte nunca chegaria até mim, mas eu podia avançar, passo a passo, mesmo sem destino certo. A vida, injusta e caótica, não podia impedir minha resistência. Cada gesto, cada respiração, cada passo era meu, e isso bastava.

Enquanto o sol se punha e a escuridão se espalhava, percebi que a verdadeira recompensa não está na chegada, mas no próprio caminhar. Persistir, existir, enfrentar o absurdo e continuar movendo-se adiante — essa era a única forma de afirmar que, mesmo em um mundo sem sentido, eu ainda tinha controle sobre minha própria vida.

E assim, continuei andando, sem esperar que o horizonte chegasse, sem esperar justiça, sem esperar sentido. Apenas caminhando. Apenas existindo. Porque, no fim, talvez isso fosse o suficiente para tornar a vida suportável.


Por: LegendZilla.

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